O desenho exige o olhar desprotegido e livre. É sempre uma descoberta e as descobertas conduzem. Sonhos, experiências, vivências. Mergulho na imaginação, no desconhecido, no esquecido, na alegria, na dor e na tristeza.
Fico despida e me reconheço. Olho tudo isto de perto, encarando o fora e o dentro, sem me deixar enganar pela superfície. Nada é um fato isolado. Reflete questões que me proponho. Coisas pensadas e esquecidas, dando continuidade ao processo de criar algo novo e diferente, definindo intensidades afetivas, o tempo, o espaço e a liberdade para encontrar coisas perdidas.
Começo com pranchas soltas e vários desenhos se transformam em séries. O conteúdo simbólico da serialidade me ajuda a expressar coragem, ousadia, determinação, compulsão, obsessão.
Linguagens, sentimentos, desejos surgindo do prazer do encontro, o pensamento circulando e o sentimento tecendo uma teia que me prende e me motiva.
Brinquei durante muitos anos com as penas e os vidros de nanquim do meu pai, garantindo ainda em criança certa intimidade com o material. Tentava copiar as plantas que ele fazia, sem muito sucesso, e acabava desenhando tudo que me chamava à atenção.
Aprendi a fazer as minhas próprias experiências, a observar o que os outros fazem, a repetir exaustivamente uma idéia até alcançar o resultado desejado e a sempre questionar o que faço.
O desenho me aponta vários caminhos, novas narrativas que surgem sem pressa e me fazem deslocar o olhar em várias direções tentando ler, traduzir e registrar mudanças que se aliam à minha própria história e à história dos lugares.